domingo, 20 de maio de 2012

É bom ser livre?

Por alguns segundos o meu computador (é um notebook, na verdade, mas continuo chamando de computador) não ligou. Apertei o botão e ele não respondeu. Bateu aquela preocupação e medo de perder tudo o que eu tinha nele. Filmes, programas, textos que eu tinha escrito, fotos. Exercícios etc.

Liguei ele em outra tomada, porque a primeira tomada era frouxa e o plug do alimentador não ficava fixo (sim, eu ligo o meu notebook na tomada, porque a bateria dele acabou. Sim, se o computador não ligasse mais a culpa seria minha e da minha burrice de insistir em ligá-lo numa tomada frouxa). Aí ele ligou.

Mas pensando bem, por outro lado, se ele não ligasse mais mesmo, eu estaria livre de uma série de coisas que prendiam a minha rotina a aquele computador (estaria fudido, certeza).

O que me faz pensar sobre a liberdade.


Liberdade não vale nada se você estiver sozinho; se só você for livre e existirem outras pessoas pra te prender, pra te lembrar, pra te fazer voltar a uma condição miserável. Mas que você não nota que é miserável.

Só se todos quebrassem os seus computadores e todos juntos pensassem numa outra alternativa, do zero.

Eu mesmo, não sei o que é estar livre. Por, exemplo, eu estou escrevendo porque estou inquieto e quero fugir de outra coisa que eu deveria estar fazendo agora. Eu quero sempre fugir; não importa qual é a tarefa que me dão, eu não quero fazê-la.  Eu insisto em fazer alguma coisa diferente da que eu tenho que fazer. Por mais que eu ache interessante, eu fujo, eu procuro outra distração. Como escrever esse texto e editá-lo. Isso é totalmente inútil, mas é o que eu quero fazer. Vai me levar a más consequências, mas eu não consigo parar de fazê-lo. É um tiro no pé, é uma autosabotagem. Acho que em alguma etapa da vida (que eu acho que eu sei qual foi), algum tipo de germe de "liberdade" foi plantado em mim, alguma utopia imatura. "Liberdade" me faz irresponsável. Me faz imaturo. Me faz negligenciar minhas obrigações.

O que é liberdade? E o quão boa ela é?

Por enquanto, eu acho que não é bom estar livre. Ninguém é livre. Ninguém pode ser. É bom estar preso e fazer como os outros. Liberdade também é estar só. Ninguém vai te acompanhar na sua liberdade. Cada qual tem a sua. É como uma consequência.

Por isso que amar é não estar livre. Amar é, de livre e espontânea vontade, estar preso. Quem está preso está feliz.

Eu agora, escrevendo isso, fugindo. Estou preso à minha liberdade. Não consigo me desvencilhar da ideia de continuar a escrever e a fugir do que deveria estar fazendo. Estou cheio de culpa da consciência que tenho do meu estado de liberdade momentânea. O que me preocupa.. A minha culpa de estar livre me prende. O que me faz ratificar que, sim, não existe liberdade mesmo. O que existe é estar preso a alguma coisa. E estar feliz com isso.

Liberdade > Estar só > Sentimento de culpa > Estar preso.

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